Carta 53

Olha, desculpa se não tenho sempre o que dizer, porque não sou de orar o que sinto e penso. Apesar de achar que as vezes não sinto tanto, penso muito. Sou tão eu, tão cheio das minhas manias, das minhas interpretações.

Como bom racionalista que sou, você soube me ganhar pelo pensar. Pensei em ti, e amei o resultado e a motivação disso. Posso dizer que ganhou o teu espaço, na minha mente, no meu diário, já em meu peito. Agora de qualquer forma já é tarde pra se despedir ou sumir como qualquer uma, eu não deixaria e sentiria falta da tua voz, da tua presença. Deixei claro um pouco das minhas esquisitices como ponto inicial, para que eu não parecesse repugno depois. Você assinou o contrato verbal nunca referido, dito ou expressado, mas por ambos assimilado.

Confesso que não nego qualquer forma de amor, ou expressão dos sentimentos, apesar de já ter me desiludido disso a muito tempo. Mas sinto vividamente aquele desejo no fundo da psique que incomoda, puro desatinar. Escuto as mesmas palavras da natureza minha, mas que não surtem mais efeito. O que dizes com o corpo, com o olhar, me encanta. Encanta-me o ego, o peito. Quem sou se não mais um mero romântico, despreocupado com os valores morais, despido das razões controladoras. Num paragrafo da minha inconstante, estou fugindo de estar eu em função de ti. Mas estou já estarrecido em desejos.

Fellype Alves de Abreu
event terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
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