
Quando era mais novo, eu me lembro que adorava viajar de moto com meu pai pro interior. É um sentimento nostálgico e gostoso ainda poder lembrar de que lá tudo parecia mais fácil e de bom grado, acho que principalmente porque não parecia haver pressa da vida acontecer, não existiam grandes ambições alimentando grandes frustrações. Tudo era econômico por condição. Minha avó lavava a louça toda de uma só vez, com a mesma água da pia. Água boa era da jarra de barro de dois andares sempre friinha. O banho era de cuia, a água a noite era gelada e ficava num tambor de plástico de vários litros e algumas pererequinhas invadiam a banheiro de vez em quando.
Pode até ser só a impressão guardada de um miúdo como eu que não saberia absorver problemas adultos que pudessem me rodear, mas o que me lembro mesmo é que lá não se economizava sorrisos, serenidade, cumprimentos e chegava a achar engraçado que em todas as casas que eu visitava sempre faziam questão sob a tradição gentil de oferecer um bom cafezim. Se visitava 10 casas, então 10 cafés. Ai de mim se recusasse, assim aprendi com meu pai.