Preparei para você um guia completo pelas principais bebidas destiladas para te deixar por dentro do assunto quanto ao que você está consumindo, ou se é novato, lhe sugerir novidades. Esse manual não tem a pretensão de se aprofundar muito acerca de cada bebida, mas apresentar um embasamento, as principais curiosidades de um tema que vai poder virar assunto curioso na mesa de boteco.
As bebidas destiladas são bebidas alcoólicas purificadas através do processo de destilação a partir de uma substância fermentada, como frutas, cereais e outras partes vegetais.
Para abrir a sessão e lhes apresentar a este mundo dos bartenders separei uma lista que apresenta 10 tipos dos destilados mais populares, como segue no menu deslizável abaixo.
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- local_bar Cachaça
- local_bar Vodca
- local_bar Rum
- local_bar Gim
- local_bar Tequila
- local_bar Conhaque
- local_bar Uísque
- local_bar Saquê
- local_bar Licor
- local_bar Absinto
Cachaça
Cachaça, pinga, cana ou canha é o nome dado à aguardente de cana, uma bebida alcoólica tipicamente brasileira, já considerada patrimônio nacional. É usada como coquetel na mundialmente conhecida "caipirinha". É obtida com a destilação do caldo de cana-de-açúcar(planta que por acaso é originária da Ásia) fermentado, onde teve registrado seu cultivo desde os tempos mais remotos da história.
O nome que recebeu ganha muitos pontos pela curiosidade. Como a carne de porco é dura, usava-se a aguardente para amolecê-la. Daí o nome “Cachaça”, já que os porcos criados soltos eram chamados de “cachaços”. Já o apelido “Pinga” veio porque o líquido “pingava” do alambique.

Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Bebidas – ABRABE – a cachaça tem apresentado crescimento no mercado internacional, sendo o 3ª maior destilado do mundo. A bebida também ocupa posição de destaque no mercado nacional, no qual o volume corresponde a 50% no segmento de destilados. É o segundo maior mercado de bebidas alcoólicas no Brasil, atrás apenas da queridíssima cerveja, e conta com 40 mil produtores e mais de 4 mil marcas.
Mitos e verdades
1 – A cachaça boa é só a amarela
Mito. A cachaça branca, que não possui envelhecimento, é a cachaça pura em sua essência. Funciona como base da amarela. Não há distinção de qualidade entre as duas.
2 – Quanto mais envelhecida, melhor é a cachaça
Mito. O tempo de envelhecimento não determina se a cachaça é melhor ou pior. Geralmente, o maior tempo em barris torna a cachaça mais complexa em suas notas sensoriais. Tudo vai depender do gosto de cada um.
3 – Cachaça artesanal é melhor do que a industrial
Semimito. A artesanal tem um cuidado maior em sua produção. O pequeno produtor acompanha todo o processo de destilação para separar a cabeça (primeira porção da destilagem) e a calda (última parte). Esses dois elementos possuem substâncias nocivas à saúde e atrapalham completamente o sabor da bebida. A versão industrial, pelo grande volume produzido, geralmente não consegue fazer essa separação.
4 – Cachaça deve ser bebida em copos transparentes
Verdade. O ideal é que se faça a degustação em copos transparentes para a análise visual da cachaça. Observa-se a viscosidade, oleosidade e pureza.
5 – A cachaça de maior valor tem qualidade superior
Mito. Cada produtor tem os seus custos de produção investindo em garrafas personalizadas e na apresentação como um todo. Isso altera o preço final. Mas a forma e o tempo de envelhecimento podem igualar a de marcas mais baratas. Existem excelentes cachaças com apresentação mais simples que competem com cachaças mais caras. Temos o exemplo de campeãs em concursos mundiais no valor de R$20 a R$35.
6 – A cachaça deve ser tomada em pequenos goles
Verdade. Costuma-se dizer em micros goles, pois ela deve ser degustada devagar, rodando em toda a boca para que se possa sentir o sabor.
7 – Cachaça dá dor de cabeça
Depende. Cachaças mal produzidas podem dar dor de cabeça. É justamente as que não separam as etapas de destilação. A cachaça bem produzida não dá enxaqueca, desde de que apreciada com moderação.
8 – Cachaça abre o apetite
Verdade. A cachaça aumenta apetite pela sua complexidade, pois “abre” as papilas gustativas e as prepara para as refeições.
9 – Cachaça muito forte queima a garganta
Verdade. Quanto maior o teor alcoólico, mais queima. No entanto, depende bastante da forma como se degusta. O ideal é que, antes de engolir, coloque uma pequena quantidade na língua e rode em toda boca misturando com a saliva e depois engula. Para iniciantes, recomenda-se as mais fracas com teor alcoólico de 38% até 40%.
10 – Cachaça tem prazo de validade indeterminado
Verdade. Cachaça possui prazo indeterminado de validade. Guardando em local seco, ao abrigo do sol e muito bem vedado, durará vários anos, talvez décadas.
11 – Cachaça e aguardente são iguais
Mito. Pela legislação, cachaças possuem o teor alcoólico de 38% a 48%. Acima deste grau, considera-se a bebida um aguardente.
Vodca
A vodca ou vodka é a bebida nacional da Polônia e da Rússia. É uma bebida destilada muito popular, incolor, quase sem sabor e com um teor alcoólico entre 35 e 60º, A origem de sua fermentação vem de cereais como arroz, cevada, milho, trigo, centeio, ervas, figos ou batata e outros grãos. A variedade de ingredientes para sua fermentação a conferem sabor e qualidade diferentes, variando a fórmula de acordo com a região onde é produzida. Popularmente, a vodca tem 40% de teor alcoólico, mas a sua graduação pode variar entre os 35 e os 60%.

Dica: Quando for comprar alguma bebida, principalmente vodca, verifique sua procedência e os ingredientes colocados, pois, muitas das vezes, as bebidas são falsificadas ou são apenas coquetéis de vodca (60% de vodca, 40% de produtos inferiores, como álcool e água), fazendo o produto ficar bem abaixo do valor de mercado.
Rum
O rum é uma bebida alcoólica obtida a partir da fermentação do melaço e outros derivados da produção de açúcar, além do caldo de cana fermentado e posterior destilação. O rum é uma bebida secular, de características refinadas e aroma suave.
Feito de canas frescas trituradas ou do seu melaço, a bebida começou a ser apreciada no século XVII, quando foi divulgada como um poderoso medicamento capaz até de “exorcizar os demônios do corpo”. Conta-se também que seu alto teor alcoólico (de 40 a 55°GL) o fez famoso entre os piratas a a partir do século XVII, os encorajando antes dos combates. Serviu como moeda de troca de escravos africanos.

O rum pode ser feito de duas formas diferentes: a agrícola e a industrial.O primeiro é obtido diretamente do caldo de cana fermentado e o industrial do melaço. A destilação pode ser feita em alambique ou coluna de destilação. Em ambas, o resultado é uma bebida cristalina. Quanto à cor dourada encontrada em alguns tipos da bebida, deve-se ao envelhecimento em tonéis de carvalho ou à adição de corantes caramelo. Os envelhecidos são muito mais caros e, pelo seu sabor peculiar e característico, devem ser consumidos puros ou com gelo.
O rum pode também ser a mistura de dois ou mais tipos de rum , como o agrícola com o industrial, o de alambique com o de coluna de destilação e novo com o envelhecido e diferentes combinações entre estes tipos.O rum é o principal ingrediente de muitos drinques famosos,como o banana daiquiri ou o proprio daiquiri, piña colada, mojito e cuba libre. É produzido principalmente e com excelente qualidade nas ilhas do Caribe, mas também em lugares como: Cuba, Porto Rico, Jamaica, Martinica, Haiti e Barbados (que reivindica a criação do rum como é feito hoje). A grande quantidade de países produtores de rum se reflete na gama de variedades da bebida.
Gim

Teve origem nos Países Baixos, no século XVII, mas adquiriu sua forma atual na Inglaterra. O gim é conhecido por ser uma aguardente aromática a base de cereais que passa por um processo de infusão com zimbro e outras especiarias. Cada marca se destaca por sua combinação única de ingredientes, dos quais as bagas de zimbro são obrigatórias, por lei. Outros ingredientes podem ser utilizados por cada marca para obter características próprias. Entre os ingredientes mais usados, além do zimbro, estão a canela, cascas de frutas cítricas, sementes de coentro, pimenta-da-jamaica, raiz de alcaçuz, pimenta-do-reino, cássia, farinha de amêndoa e outros.
É considerada uma bebida muito forte, com teor alcoólico superior ao uísque. Depois de destilado, o gim sai do alambique com um teor alcoólico muito elevado, inapto ao consumo. Para reduzir essa teor alcoólico é adicionada água destilada.
Tequila

Considerada a bebida mais antiga das américas, o destilado é mais velho que o rum e que o whisky. Feito com agave-azul(uma espécie de cactos) é a mais tradicional do México e rende drinks maravilhosos, como a clássica Margarita.
Tequila é uma bebida alcoólica destilada feita da agave sendo a agave-azul a melhor para o preparo da bebida, primariamente na região da cidade de Tequila no estado mexicano de Jalisco. A tequila é feita a partir de uma planta conhecida como a Agave Tequilana. Quanto ao seu surgimento, não existem informações exatas quanto a quem inventou ou produziu a primeira tequila. Apesar disso, algumas histórias astecas contam mitos de como a bebida apareceu na nossa vida.
A bebida apresenta diferentes graus de cor, sabor e aroma conforme o tempo de envelhecimento.
// Blanco (“Branco”) ou Plata (“Prata”), engarrafada imediatamente ou até 2 meses de maturação em barris de aço inoxidável ou carvalho neutro;
// Joven (“Jovem”) ou Oro (“Ouro”), uma mistura de Blanco e Reposado;
// Reposado (“Descansado”), engarrafada após 2 meses, mas menos de um ano de maturação em barris de carvalho de qualquer tamanho;
// Añejo (“Velho”), envelhecimento no mínimo um ano de maturação, mas menos de três, em barris de carvalho pequenos;
// Extra Añejo (“Extra Velho”), envelhecido pelo menos três anos. (categoria estabelecida em 2006).
A autêntica tequila precisa ter pelo menos 51% de açúcar proveniente do cozimento da parte central da planta e ser fabricada por algum desses cinco estados mexicanos: Jalisc, Guanajuato, Michoacán, Tamaulipas e Nayarit.
O México exige o direito internacional exclusivo da palavra “tequila”, ameaçando ações legais contra produtores de destilados de agave-azul em outros países.
A graduação alcóolica média de uma tequila é de 40%.
Conhaque
O conhaque, também chamado de brandy, é o produto decorrente da destilação de vinho, geralmente contendo cerca de 40–60% de graduação alcoólica por volume. O nome em português é derivado da palavra francesa cognac, um tipo de conhaque com indicação de procedência da região homônima da França.
Uísque
Saquê
Para acalmar os ânimos, vamos a uma bebida que não há dúvida alguma sobre a origem. O sakê é mesmo japonês e ninguém tira esse título dos orientais! Na linha de bebidas de médio teor alcoólico (entorno de 16% a 20% e alta capacidade de embebedamento), o sakê é o queridinho dos japoneses. Produzido à base da fermentação do arroz, água e Kōji(fungo amplamente utilizado no japão para fermentação), o sakê existe deste o século III e pode ser consumido em diferentes temperaturas, do quente ao gelado. A escolha varia de acordo com o tipo e qualidade do produto, o que torna a bebida diferente e rende novas experiências.

O sakê costuma ser bebido em pequenas porções, usando copinhos de cerâmica ou pequenas taças, e é muito apreciado como um aperitivo antes da refeição. Diferente da tequila, não é bebido em shots e deve ser apreciado calmamente. Ah, claro, ele também vai bem como ingrediente na culinária e em alguns bons drinks. No Brasil, é comum usar o sakê na preparação de Caipisake (caipirinha de saquê), mas vale também na preparação do Sakê Martini e diversos outros drinks adaptados.
Licor
Absinto
O absinto ganhou fama devido ao alto teor alcoólico e facilidade com que alterava o comportamento das pessoas, motivo que levou à proibição da venda da bebida por muitas décadas em diversos países, inclusive o Brasil. O absinto, apesar de ser a cara da Belle Époque Francesa e ter influenciado muitos grandes artistas, tem como local de nascimento a Suíça. Foi lá, no final do século XVIII, que o então remédio ganhou novos ingredientes e se tornou uma bebida alcóolica desejada e produzida em larga escala na Europa.

O famoso destilado de cor esverdeada, apelidado de fada verde, é composto por um mix de ervas (como anis, funcho e absinto) e pode alcançar mais de 70% de teor alcoólico. Um ingrediente em especial ajudou a tornar a bebida famosa: a tujona, princípio ativo alucinógeno da losna (como também é chamada a erva absinto). Hoje, já com a venda liberada, as receitas de absinto têm a quantidade de tujona e álcool controladas, sendo que no Brasil o teor máximo permitido de álcool é de 54%. Já é suficiente, né, coleguinha? Cuidado e pega leve! Você pode usar o absinto também em drinks, pra aliviar o álcool. O clássico é bebê-lo com um cubo de açúcar embebido em absinto e pegando fogo.