Frenagem


Quieto, atento, e até deslocado,
O povo gargalhava, e eu me contentaria em só observar.
Mas se algo mexia comigo, as substâncias descobririam
Como me desengodar.

Um coquetel de sentimento,
Minha fraqueza me surpreendendo
Com o que queria achar.

Percebia olhares vagos,
vultos, tontos e estonteados
Olhares vivos e um em especial machucado,
Mas todos os olhos ali procuravam contentos.

Sorrisos, piadas e trapaças
foram como boa argamassa
Para uma estrutura de descaramento.

Todos mascarados com seus desejos atiçados
Colaborariam para com todos divertimentos
E consumido por pensamentos, embriagados sentidos,
Me senti consumido pelo prazer de outros tempos.

Inibindo minha inibitude natural
Censurando minha consciência animal,
Fui lançado pela frágil janela moral
Reinstalei meu desequilíbrio carnal.

Como o louco beirei o abismo, de todo encantado
Não saltei, fui me avisando... Me entreguei.
O toque, as curvas, o ritmo, a força do meu lado híbrido
A porra ali de tanto mistos conflitantes. Até que me libertei.

Parando, andei,
Correndo, parei.
Tentado, continuei.
Aí de mim!
O que só eu sei, eu sei...

Na pluralidade dos desejos e ciúmes,
Quanta coisa para entender, e não devíamos pensar
Me arrependeria. Flutuei o meu juízo imune
Depois me preocuparia em o alcançar.

Embalado, me soltei
Me desprendi de tudo mas voltaria
E se valia a pena? Quem culparia?

Dentro dos meus instintos o cuidado
Cuidar do outro, de mim. Cuidei.
E apesar das cenas, me lembrei
Do que eu não seria capaz.

Mas dentro dos meus instintos o cuidado...
Tive cuidado. Cuidei.
E para tanto, me relembrei
Do que eu seria incapaz.

Fellype Alves de Abreu
event segunda-feira, 21 de novembro de 2016
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