Parte 1 - Onde tudo começa... (Talvez onde tudo termina)
Oi, sou o narrador, escritor e
"sobrevivente" desta história, deste pequeno livrete. Objetivo aqui é
contar parte do que passei num tempo perdido de mim mesmo por razões que não
fariam qualquer sentido contar agora. Mas continue lendo, por favor.
Não sou egocêntrico a ponto de escrever
isso a toa, mas fui um adolescente de 16 anos cheio de planos e expectativas,
sempre de mente artimaniosa pro que me fosse conveniente. Já fui titulado como
má influencia por uns amigos e educado e cortês por outros. Aquele tipo de cara
inquieto que corre atrás do quer, sempre de nariz empinado pras complicações e
problemas. Com todo o animo dos universos, nunca fui de perder uma festa, uma
baderna com meus amigos. Nunca perdi uma boa saída, pra espairecer o corpo com
dança, a mente com álcool e os pensamentos com musica. Não vou explorar a ética,
e valores morais, para que "uma criança" já tenha provado de sexo e
drogas. Sem apologia alguma, isso vem virando clichê pra muitos, das classes
baixas a altas, não faça deste livro um monstro manipulador infantil. A adolescência
é a descoberta dos gostos e da curiosidade... E eu nunca perdi a chance de
absorver do mundo os prazeres da vida.
Numa quarta-feira qualquer da escola,
entre meus colegas havia os rumores de uma festa inesquecível. A propaganda
boca-a-boca é sempre a mesma, mas aquela foi onde tudo começou, de fato, inesquecível.
Foi minha ultima.
Cheguei em casa plenamente preparado.
Aproveitei a ausência de meu pai e me dispus de bom samaritano a minha mãe para
não haver falhas. Por motivos triviais, sem importância pra serem citados aqui,
minha mãe não permitiria que eu fosse festejar nem no meu quintal sequer, quem
diria na "festa mais incrível do ano"... Pedi a ela que me permitisse
ir pegar uma revisão de matemática na casa do Thiago para uma prova importante
que se aproximava. Bem, foi isso o que disse a ela e seria isso o que ela diria
ao meu pai. Sem precisar de grandes dramas ela permitiu. Mais tarde assim como
já havia combinado com o Thiago, "ficaria pra dormir". Minha mãe para
se precaver de minhas travessuras, ligou para confirmar com a mãe dele. Dona
Cida confirmou e eu iria. Arrumei-me, recolhi uns trocados que estavam
guardados pra uma situação como esta, e fui pegar minha revisão... Cheguei lá e
bem me apresentei aos pais do Thiago, dona Kaiane e seu Jean, e fomos então pro
quarto. Depois voltamos, distraímos sua mãe eu logo sai. Quando ela desse por
minha falta, ele diria que eu tive que voltar pra casa. Provavelmente nossas
mães não comentariam tal bobagem futuramente. Valia o risco.
Quando cheguei à tal festa, me
impressionei com o clima de hallowen que os organizadores montaram. Não foi difícil
fazer aquela espelunca, caindo os pedaços, dar algum medo, mas a decoração
estava impecável, a titulo de cenário hollywoodiano.
Bebi, dancei, amei algumas pessoas por
alguns instantes... Zuei até senti uma dor de cabeça leve que não me impediria
nada, então pedi mais vinho pra me entorpecer ainda mais e esquecer-me dela.
Aquela festa não passava de “uma perfeita loucura juvenil de um bando de
adolescentes irresponsáveis. Só uma das inúmeras badernas diárias”, como dizem
os mais velhos cheios de certeza.
Perto de a festa chegar ao fim, eu percebi
que havia recebido um sms do Thiago dizendo que não ia dar pra eu voltar pra
casa dele como estava em meus tão perfeitos planos. Como eu não via mais nenhum
conhecido que me desse teto por uma noite, tive que ir pra casa acordar meus pais. Mesmo achando que sabia o
que me aguardava, não senti remorsos ou culpa. A essas alturas eu estava muito
bêbado pra pensar em algo melhor, e insano o bastante pra enfrentar meus pais.
... (continua)
Autor: Fellype Alves de Abreu