
Expressão comum de se ouvir no Nordeste quando nos falta calma, justamente quando estamos carregados de fúria e reconhecemos que precisamos amansar nossa bestialidade. Mas quem é Dadá? E por que se fala do seu amor quando nos falta paciência diante de tanto furor? Essa expressão traz consigo uma amostra histórico-cultural muito curiosa a respeito do cangaço.
A protagonista da expressão, Dadá, foi sequestrada aos 12 anos por seu primo cangaceiro chamado Corisco (também apelidado de Diabo Louro) e estuprada ao ponto de quase morrer de hemorragia. Com o tempo, ela também se integra ao bando de Lampião e a vida nômade a transforma. Chega a se tornar mulher de Corisco em meio às lutas diárias. Ela ficou conhecida por ser a única mulher do bando a usar fusível. De seu marido, ganhou sua pistola e aprendeu a ler, escrever e contar.
Corisco, como segundo homem na hierarquia do bando de Lampião, era um dos bandoleiros mais destemidos e violentos. Tinha inúmeras mortes em seu nome, mas ao que consta, a vida de muitos foi poupada graças às intervenções de Dadá.
Hoje, quando sentimos o ímpeto de uma raiva momentânea, ainda podemos invocar a piedade de Dadá como forma de nos acalmar e alcançar a sensatez.
Fellype Alves