Talvez estivesse melancólico diante da realidade inscrita em minha mente. Finalmente consigo reconhecer que não estou bem. Fadigado, exausto, sempre tentando atender às expectativas de ser super produtivo em todas as áreas da minha vida. Uma célula obediente, autêntica e produtiva, perfeitamente doutrinada para explorar a sociedade do cansaço de Byung-Chul Han, carregada de aversão ao tédio, buscando alcançar todas as metas possíveis. Afinal de contas: "Nada é impossível. Tudo depende apenas de você. Se você ainda não conseguiu, é porque falta garra". Ser senhor de si mesmo é sentir-se livre do estado limitado, condicionado pelas experiências individuais massacrantes.
Enquanto Sartre alertava sobre o peso de estarmos condenados às nossas escolhas em uma vida sem sentido prévio, sem um pré-delineamento inteligentemente traçado e organizado, Han me convida a evitar os excessos ensandecedores da contemporaneidade. No entanto, percebo que transpiro excessos e prefiro esquecer.
Estou em busca da solução derradeira. Entendo o pragmatismo nietzschiano e como, a partir da falência humana, o ser individual precisa comprar para si a meta de ultrapassar-se, fazendo de si mesmo seu projeto de se tornar a melhor super versão de si, enfrentando os fatos e lutando para superar cada obstáculo em seu caminho, revisando a importância e o impacto dos valores culturais que surgem e se transformam a cada nova experiência. Viver é excitante, e assim como um bom sexo, também cansa e não é para todos. Existe um plano bestial e impiedoso contra cada ser por trás de toda máscara social civilizada. Parece cada vez mais certo que é preciso buscar elementos de contemplação para aliviar o fardo da dificuldade de viver. Valorizo o exercício de contemplação que pratico instintivamente a cada nova oportunidade, mas é apenas um desvio.
Acho que, focando novamente na ideia de alto desempenho, aproveitar esse estado apenas quando ele surge não é uma solução. Sinto que falta-me buscar mais encanto no mundo e novas formas de avivar minhas curiosidades, aceitando frear os excessos da vida produtiva.
Em um post de lugar nenhum, li uma prescrição médica perdida, sem CRM, carimbo ou autoria, apenas garantida por um compartilhamento comum. Ali estava a minha solução, meus remédios para a vida oblíqua:
"Uma dose de ilusão, fantasia ou beleza poética a cada 4 horas. Uma caixa de amigos (evite genéricos). Use um punhado de boas experiências e beba sempre de novas fontes. Aprenda a amar. Além disso, beba bastante água, busque fazer exercícios pelo menos três vezes por semana e melhore sua alimentação."
- Parecia imprecisamente perfeito.
Fellype Alves