O caso de Sonia

     Como pintor procuro no tudo uma inspiração, seja para um novo quadro ou sonho, ou mesmo para pensamento começar a viver em minha mente de lembranças embaçadas. Certa vez, entre um trago e outro em meu charuto, a presença de meus velhos quadros e uma antiga garrafa de uísque importado, em meu paraiso a quatro paredes, meu querido ateliê, foi quando enxerguei ou delirei, aquela tal figura que toma conta de meus pensamentos até os mais atuais segundos, Sônia. Moça bonita, fitada por um negro tecido sob sua alva pele. Pensei que podesse ser um sonho, mas mesmo o meu mais admiravel sonho, não guardaria ou criaria tal beleza. Nada ocorreu. Eu não me assustei e ela não tentou me provocar medo, seria dificil me amendrontar a tal perfeição. Apenas nos admiramos, eu sentindo sua fria morte, e talvez ela, meu calor de vida. Essa adimiração, de rostos estaticos se manteve até o momento que levantei-me da poltrona de couro quente onde me encontrava, para quem sabe tentar um dialogo, ou mesmo toca-la. Apresentei-me, e como resposta ela concentiu com um sorriso poeril, naquele clima funebre em que meu ateliê agora guardava, havia sido um grande avanço na situação em que estavamos. Me aproximei mais um pouco como investida, para sentir ainda mais o frio de seu ectoplasma sutil, e ansioso logo perguntei quem seria aquela deusa fantasmagorica. Como resposta a minha pergunta, respondeu-me escrevendo ao ar, revelando-se Sônia. Antes que eu dissese mais algo, Sonia rodeou-me a leves passos apontando para meu ultimo sonho emoldurado, um quadro com uma pessoa indefinida entre o que seria minha interpratação de céu e inferno. Depois escondendo-se na parte mais escura de meu ateliê, Sonia sumiu. Após isso, nunca mais a vi, até quando ela me aconselhou a escrever sobre o que acontecera naquele dia.
Conto de: Fellype Alves de Abreu
event terça-feira, 3 de julho de 2012
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