Meu livro (leia-me) - Capitulo 3

*Atualizado
... Recolhido por meu anfitrião.

Demorou uns três dias para que meus pais resolvessem arrebentar a porta. Logo que me viram, se desatinaram em choro. Deduziram que eu tinha me suicidado, mas sentiram um pouco de pulso e me levaram imediatamente pro hospital, minha respiração estava fraca, eu me sentia falecer. Meus pais por sua vez enquanto me viam "inconsciente", pensavam nas mais diversas teorias, culpavam as influenças...

Eu estava agora já de cama, ligado por uma gama de aparelhos e já tinha recebido alguns farmacos nas veias. Enquanto isso eu podia escutar o doutor conversando com as enfermeiras, com meus pais, e segundo ele eu estaria em coma profundo. Mas em coma? Eu estava lúcido do que se passava a minha volta! Mais uma vez dou berros que não ecoam além da minha mente. Eu estava acordado, porem foi meu pior pesadelo até então.

Um mês ainda se passara e eu lá estava, ouvindo as enfermeiras, uns grupos religiosos e quem quer que entrasse no meu quarto hospitalar. Mas o que houve de pior além de me encontrar naquele estado vegetativo, foi receber a noticia pelo meu pai, ao lado de minha cama, de que minha mãe havia falecido. Foi horrível receber essa noticia, esforcei-me ao máximo, fiz o que pude, mas meus dedos nem ao menos estremeciam, sofri pela perca da minha mãe e por não consegui consolar meu pai com abraços e palavras. Não sei bem o que senti, mas foi um sentimento pungente, amargo. Não pude lembrar-me sequer da ultima coisa que a disse, e isso havia sido nossa ultima discussão.

No mesmo dia em que meu pai me deu esta horrível noticia, algo a mais aconteceu. A noite quando a ala em que eu estava o silencio era imensurável, quando eu podia ouvir somente os bips da maquina ao meu lado esquerdo, eu mexi o corpo. Não, meu corpo se mexeu. Eu não tive qualquer controle disso. Ainda que fossem leves os espasmos musculares, já era alguma coisa, e continuaram até que uma enfermeira entrou no meu quarto para me dar uma medicação. Os movimentos se repetiam, mas sempre que alguém entrava onde estava, esses movimentos cessavam-se.

Na noite do dia seguinte, novamente quando havia poucas enfermeiras no andar em que eu estava, meu corpo se remexeu como se eu estivesse sendo eletrocutado ou estivesse tendo um ataque epilético, meus batimentos cardíacos ascenderam de forma que eu os podia ouvir claramente, e um estranho clima contagiava todo meu corpo, senti muita dor enquanto isso tudo me fazia questionar o que acontecia ali. De repente tudo para e me acalmo, mas minha mente fica muita confusa, agora não mais sei o que penso, minha voz mental ecoa num vazio tempestivo, e mais uma vez desmaio.

... (Continua)

Autor: Fellype Alves de Abreu
event segunda-feira, 2 de julho de 2012
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